O ministro das Relações Exteriores Araghchi insiste que as atividades nucleares do Irã são de natureza civil.
O Irã defendeu seu direito de enriquecer o urânio, dobrando-se em uma posição de longa data, pois a próxima rodada de negociações nucleares com os Estados Unidos em Omã foi abruptamente atrasada.
O ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi foi à mídia social no sábado para declarar: “O Irã tem todo o direito de possuir o ciclo completo do combustível nuclear”, referenciando os membros do país no tratado de não proliferação nuclear (NPT).
Ele acrescentou: “Existem vários membros do NPT que enriquecem urânio enquanto rejeitam totalmente armas nucleares”, sublinhando o argumento do Irã de que suas atividades nucleares são de natureza civil.
“O posicionamento maximalista e a retórica incendiária não alcançam nada, exceto corroer as chances de sucesso”, acrescentou Araghchi, em referência à posição dos EUA de que o Irã deve interromper todas as atividades de enriquecimento.
Em uma entrevista na quinta -feira à Fox News, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pediu ao Irã que interrompa seus esforços de enriquecimento, argumentando: “Os únicos países do mundo que enriquecem o urânio são os que têm armas nucleares”. No entanto, países como Alemanha, Japão e Brasil também conduzem enriquecimento sem possuir arsenais nucleares.
Os comentários vêm após uma quarta rodada de conversas indiretas entre Washington e Teerã, originalmente programada para sábado, foi adiada.
Geralmente, evito transmitir argumentos sobre os principais elementos de negociação através da mídia.
O que vou dizer é que repetir falsidades não mudará fatos básicos. Como signatário fundador para o TNP, o Irã tem todo o direito de possuir o ciclo completo do combustível nuclear. Além disso, aí …
– Seyed Abbas Araghchi (@araghchi) 2 de maio de 2025
Omã, atuando como mediador, citou “razões logísticas” para o atraso. Uma nova data permanece não confirmada, com um funcionário iraniano dizendo à agência de notícias da Reuters que dependeria da “abordagem dos EUA”.
O revés segue uma nova onda de sanções americanas vinculadas às vendas de petróleo do Irã e alegou apoio contínuo aos rebeldes houthis do Iêmen. Teerã respondeu acusando Washington de enviar “mensagens contraditórias” que prejudicaram a diplomacia.
A França acrescentou à incerteza no início desta semana, quando o ministro das Relações Exteriores Jean-Noel Barrot alegou que o Irã estava “prestes a adquirir armas nucleares”-uma acusação que Teerã descartou como “simplesmente absurdo”.
O Irã, que insiste que não busca uma bomba, manteve consistentemente seu programa nuclear em conformidade com a supervisão da AIEA.
Araghchi reiterou que o direito do Irã de enriquecer era “não negociável”, mesmo quando o chefe da IAEA, Rafael Grossi, sugeriu na quarta-feira que qualquer material enriquecido no Irã poderia ser dissolvido ou exportado se um acordo fosse alcançado.
O impasse diplomático ocorre à medida que as potências globais pesam se o progresso significativo ainda pode ser alcançado em reviver o acordo nuclear de 2015 intermediado pelas potências mundiais, que desabou depois dos EUA, sob o primeiro mandato presidencial de Donald Trump, o abandonou unilateralmente em 2018.
O acordo de 2015, conhecido como Plano de Ação Compreensivo Conjunto (JCPOA), viu o Irã reduzir seu programa nuclear em troca de alívio das sanções.