Um juiz da Suprema Corte brasileira ameaçou deter o ex -presidente Jair Bolsonaro.
O juiz, Alexandre de Moraes, acusou Bolsonaro de violar uma proibição que o impede de aparecer em áudios, vídeos e entrevistas compartilhados nas mídias sociais.
O juiz Moraes disse que o ex-presidente pode enfrentar “prisão imediata”, a menos que seus advogados possam fornecer uma explicação satisfatória dentro de 24 horas sobre o motivo pelo qual seu cliente apareceu em um vídeo compartilhado pelo filho de Bolsonaro, Eduardo, na segunda-feira.
Bolsonaro está em julgamento por supostamente planejar um golpe para impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assuma o cargo em 2023, que ele nega.
Moraes tem liderado a investigação sobre alegações de Bolsonaro e seus aliados cometeram “atos antidemocráticos”.
Moraes já havia impôs uma série de restrições a Bolsonaro na sexta-feira, incluindo um toque de recolher noturno e um fim de semana, além de vigilância de 24 horas, para impedir que ele fugisse do país enquanto está em julgamento.
Bolsonaro também foi ordenado a abster -se de entrar em contato com governos estrangeiros e suas embaixadas no Brasil.
Além disso, o ex-presidente precisa usar uma etiqueta eletrônica e é impedido de se comunicar com Eduardo, que está fazendo lobby em nome de seu pai nos Estados Unidos.
Bolsonaro insiste que nunca considerou deixar o Brasil e chamou a juíza de Moraes de “ditador”.
As medidas foram ordenadas por Moraes após um pedido da polícia federal e com o endosso do escritório do procurador-geral do Brasil.
A polícia havia acusado de Bolsonaro e seu filho de tentar obstruir o julgamento contra o ex-presidente e de violar a soberania do Brasil, incentivando o governo dos EUA a interferir no julgamento.
Na segunda -feira, Moraes deu mais detalhes das restrições, explicando que Bolsonaro não estava apenas impedido de aparecer em vídeos e áudios que ele próprio compartilhou nas mídias sociais, mas também de aparecer naqueles compartilhados ou publicados por terceiros.
Logo depois disso, Bolsonaro conversou com jornalistas enquanto deixava o Congresso, onde conheceu os legisladores da oposição.
Ele mostrou a eles sua etiqueta eletrônica no tornozelo, chamando -a de “um símbolo da maior humilhação”.
As imagens da interação foram compartilhadas nas mídias sociais por Eduardo Bolsonaro e apoiadores de seu pai, no que Moraes diz ser uma violação das restrições que ele havia impôs.
O julgamento de Jair Bolsonaro, que governou o Brasil de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, está sendo seguido de perto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que o denunciou como uma “caça às bruxas”.
Os dois homens são aliados de longa data e, no início deste mês, Trump ameaçou dar um tapa em uma tarifa de 50% nos bens brasileiros a partir de 1 de agosto.
Em sua carta ao atual presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, Trump citou o tratamento do Brasil em Bolsonaro como um gatilho para a caminhada tarifária.
A tensão entre os dois governos aumentou ainda mais na sexta -feira, quando – em resposta às restrições impostas a Bolsonaro – o governo Trump revogou o visto dos EUA de Moraes e outros juízes da Suprema Corte.
O presidente Lula chamou de “medida arbitrária e completamente infundada” e denunciou “a interferência de um país no sistema de justiça de outro”.